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  • Foto do escritorAna Wey

Quem foi Maria Leopoldina

Atualizado: 20 de nov. de 2022



Esse ano comemoramos o bicentenário da independência do Brasil. Para muitos brasileiros, a imagem recorrente é a de D. Pedro, montado em seu cavalo, espada em punho, às margens do rio Ipiranga. Uma figura heroica, que abraçou o Brasil como

terra, tornando-se D. Pedro I. Mas, a referida imagem mental, oriunda do famoso quadro de Pedro Américo, foi realizada após 66 anos, portanto o cenário retratado trata-se mais de uma alegoria do que de uma representação histórica.


O período que antecedeu esse novo cenário, o de um Brasil que abandonara a condição de colônia, para se tornar reino e, então buscar sua independência; foi marcado por diversos conflitos e contou com diversos protagonistas, para além de D. Pedro.


Uma das figuras mais importantes nesse cenário, foi Maria Leopoldina da Áustria (esposa legítima de D. Pedro), que com apenas 25 anos de idade já tinha clareza do rumo político que o Brasil colônia tomava.


Em carta ao imperador D. Pedro I disse:

“Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças se partimos agora para Lisboa (...). O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Como vosso apoio ou sem vosso apoio, ele fará sua separação”.


Clóvis Bulcäo, Mary Del Priori e Paulo Rezzutti, são alguns escritores que se dedicaram a estudar e divulgar a vida e os feitos de dona Leopoldina. Segundo os historiadores a capacidade e autoridade intelectual, somado ao desejo de preservação do trono, fizeram de dona Leopoldina uma figura importante, recentemente reconhecida como tal.


No livro A Carne e o Sangue, de Mary Del Priori, é possível se aprofundar na narrativa verídica, que contou com Leopoldina, D Pedro I e Domitilia, mais conhecida como a Marquesa de Santos, como protagonistas da independência do Brasil.


Quando a princesa se casou com Dom Pedro, recebendo as bençãos de seu pai, o então imperador da Áustria e foi avisada para não se envolver em “aventura revolucionária” com a família Bragança. Mas, para uma mulher como ela, isso não se tornaria seu destino.


A viagem da Europa até o Brasil, para as núpcias, durou 84 dias e é narrada por Leopoldina, como uma visão maravilhosa da Baia de Guanabara. Como intelectual e estudiosa, se dedicou a estudar detalhes sobre o Brasil e receber sólida formação científica, antes da chegada a colônia de Portugal. Seu amor e interesse pelo país, que adotou como pátria, foram desde o início genuínos.


Como o processo de independência do Brasil, não foi nada pacífico; muitas batalhas ocorreram em locais como Bahia, Pará e Cisplatina. Nesse cenário, seu papel foi de extrema importância, nos dias que antecederam o 7 de setembro. Dom Pedro, estava em São Paulo e de lá proclamou a independência, sendo que no Rio de Janeiro, se encontrava Leopoldina como regente, Portanto, o Brasil teve uma mulher como governante!


Seu papel como negociadora se estendeu para os anos vindouros, com um Brasil não mais colônia. Sua habilidade diplomática e o fato de ser poliglota (era fluente em: inglês, francês e alemão), favoreceram diversas negociações.


A imagem de mulher fraca, traída pelo marido pelo famoso caso extraconjugal com a marquesa de Santos, somado a perda de seu filho, não condiz com a mulher forte e inteligente que os acervos históricos revelam. Era na casa de Leopoldina que os encontros políticos aconteciam, enquanto na casa da Marquesa dos Santos, Dom Pedro se reunia com a corte brasileira.


Os folhetins da época, se concentravam em noticiar o que se passava nesses ambientes, muitas vezes em tom de crítica ao comportamento extraconjugal de D. Pedro.


A impressa escrita ganhou tanta força nesse período, ao ponto de forcar sua volta à Portugal, em 1831. Ao invés de ficar reclusa em seu palácio com suas filhas, a princesa regente fez uso de sua boa relação com a Áustria e encaminhava correspondências ao seu pai, Francisco Carlos, solicitando que o Brasil fosse reconhecido como império. As cartas deixadas por Leopoldina se configuram em um acervo histórico potente, para se compreender o momento em que o Brasil se encontrava politicamente. Leopoldina foi uma figura importante, bastante proativa.


Em janeiro de 1822, por exemplo, quando aconteceu o memorável Dia do Fico, Leopoldina usou sua gravidez para permanecer no Brasil.


A ideia de nacionalidade, não estava solidificada e a ausência de D. Pedro e de Leopoldina poderia suscitar revoltas e divisões do território, que ainda não possuía uma soberania nacional.


Olhar a independência do Brasil pela perspectiva da história das mulheres no Brasil, é prestar o devido reconhecimento para todas que trabalharam por ela. Enaltecer Leopoldina é revisitar o passado, ressignificando seus atores de forma humana, libertos da história dos heróis que nos foi contada nos bancos escolares.


Cronologicamente 200 anos marcam a independência do Brasil, mas é importante esclarecer ainda, que esse processo se iniciou muito antes e que se estende para além do dia 7 de de setembro de 1822.


A história segue sendo escrita!

 

Ana Wey, mudou-se para Bangkok com o marido e os filhos em agosto de 2019 depois de passar uns anos no Vietnã. Ana tem pós graduação em Educação Infantil e atualmente cursa MBA em Educação. Ela é especializada na alfabetização da Língua Portuguesa para crianças e adultos.

Além disso tem como paixão a culinária, a leitura e uma sede de aprender coisas novas que a faz estar sempre em busca de novos desafios.


Membro da BTCC Social desde 2020


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