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  • Foto do escritorAna Wey

MULHERIDADE: Minha, sua, nossa e deles?



O conceito de ser mulher é simples e complexo ao mesmo tempo. Isso porque não existem mulheres iguais, por mais que os padrões histórico sociais teimem em anunciar um corpo, um mindset e interesses pasteurizados. Nossa diversidade étnica, de credos, biotipos, interesses e todo um universo cultural revela, de modo relacional, como as mulheres se posicionam frente a sociedade, ao trabalho, ao universo cultural, a espiritualidade, a maternidade, ao(a) parceiro(a); criando assim um mosaico rico e diverso. Nosso sentimento de pertencimento nesse universo de ser mulher e os papeis que desempenhamos se emaranham.


Nossas antepassadas, conquistaram sua liberdade e sem se subjugarem ao silêncio e a aceitação, desbravaram caminhos para nós. Nós, que hoje podemos fazer a revolução com nossa identidade própria, que podemos criar novos papéis na sociedade, que ressignificamos o conceito de família, maternidade, consumo; nós que enfim, nos tornamos protagonistas do modo como se constroem papeis femininos, devemos a elas esse momento presente.


Mas infelizmente esse “NÓS”, não se refere a totalidade de mulheres espalhadas pelo mundo. A desigualdade salarial, o acúmulo de tarefas, violência, estupros; fazem parte de uma lista cruel. Crimes, abusos, o corpo como objeto, como desejo do outro, como casa, castração e indigna condição. Nós, que já entendemos que a educação segue emancipando as mulheres, permitindo que se migre para a vida pública fazendo música, ensinado, curando, fazendo poesia, apoiando, rezando, cantando e encenando; sempre trabalhando em redes femininas, se reinventando, criando novos cenários; precisamos seguir criando redes para que elas também façam parte de uma vida digna.


Mulheres, desde sempre, aceitaram o enfrentamento social para encontrar espaços e locais de atuação, sem necessariamente se enquadrarem em modelos pré-estabelecidos. Escritoras negras, clandestinas, com pseudônimos masculinos, artistas, cantoras, jornalistas; desbravaram caminhos e foram protagonistas ontem, através da história do rádio e hoje de podcasts.


Todos os temas da sociedade sempre foram assuntos no prato das mulheres. Politica, arte, guerra e paz. De conflitos culturais entre mulheres lésbicas e feministas à exposição dos corpos maltratados retratados em primeira página como um alerta para outras mulheres que desejassem voar; tudo nos compôs.


Nossa mulheridade também está associada com nossas dúvidas e escolhas. Mulheres se sentem divididas entre a educação que receberam de suas mães e as que querem dar para seus filhos; ao corpo, se o deixam envelhecer em paz ou o submetem a todo tipo de intervenção cirúrgica, buscando “prevenir” a velhice. Se trabalham ou se cuidam dos filhos sem culpa pelas escolhas. Se casam ou se mantem solteiras, se assumem (ou não) sua sexualidade e fazem de seus corpos templo pessoal de alegria e prazer.


Ficar em casa, cuidar dos filhos, ser fiel, se ocupar com o trabalho doméstico, tendo a maternidade como sua única função, esterilidade como peso e responsabilidade. A história do isso ou aquilo nos persegue como um fantasma. Depois de séculos de amor domesticado, como afirma a historiadora Mary Del Priore o patriarcado ainda se mantem como tradição que oprime papeis e nos exaure. Mas a verdade é que exaure a todos nós, mulheres e homens.


A hierarquia familiar, tendo os homens como provedores e responsáveis pela tomada de decisões não é mais o único modelo vigente e vem perdendo força com as atuais famílias de diferentes formatos. O trabalho colocou ambos em uma nova realidade, construiu novas relações familiares ressignificando o patriarcado.


Os movimentos atuais deslocam os homens dessa malha que lhes dava proteção e poder. Os expõe e nos convida a assumirmos e construirmos novos papeis.


Pílula, voto, trabalho, educação tudo isso vem nos empoderando desde a década de 70. Olhando para o percurso do machismo compreendemos o que vem acontecendo com os homens. Há uma desconstrução do provedor, processo doloroso para os homens e suas identidades. Estão fragilizados; estamos todos, na verdade.


Essa fragilidade social, que nos abarca é um convide para um olhar relacional, em que poderemos caminhar todos de maneira a reconhecermos imparcialmente os direitos de cada um.


É preciso que emprestemos nossa escuta ao outro, que sejamos mais empáticos, responsáveis, estendendo nossa mão, buscando fazer uma história melhor, sendo seres humanos melhores.


É tempo de discutirmos em profundidade o que nos aflige, nos aprisiona. Ser mulher é algo dado e ao mesmo tempo construído, porque nada está definido, tudo segue em permanente mudança nesse mundo líquido em que não podemos mais contar com as permanências de outrora.


“O jogo não está ganho senhoras, e nunca estará porque o destino da vida é a mudança”. Então siga lutando como uma garota, por todas nós!
 

Ana Wey, mudou-se para Bangkok com o marido e os filhos em agosto de 2019 depois de passar uns anos no Vietnã. Ana tem pós graduação em Educação Infantil e atualmente cursa MBA em Educação. Ela é especializada na alfabetização da Língua Portuguesa para crianças e adultos.

Além disso tem como paixão a culinária, a leitura e uma sede de aprender coisas novas que a faz estar sempre em busca de novos desafios.


Membro da BTCC Social desde 2020



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